Verdade seja dita: é quase impossível não criar intimidade e vínculos de amizade com os profissionais do trabalho.
Pausas para café, um assunto ou outro durante as tarefas, sempre surgirão temas que nada terão a ver com as metas ou com a empresa. Mas é preciso saber dosar.
Especialistas de carreira explicam que o mercado tem valorizado cada vez mais os profissionais, principalmente aqueles que são líderes de equipe, que demonstram mais sensibilidade ao lidar com os outros. Porém, às vezes esquecemos do equilíbrio do bom senso ao trazer assuntos íntimos e que, certamente, irão comprometer a própria carreira.
Mesmo que se possa começar amizades no ambiente de trabalho, vida profissional e pessoal são relações distintas.
No trabalho, há acordos a serem cumpridos e códigos de conduta a serem seguidos. Raramente a amizade no universo profissional tem as mesmas características de uma relação exclusivamente pessoal, já que reputação, promoção, aumento de salário, cargos, entre outros entram em jogo. A competitividade, mesmo que subjetiva ou indireta, sempre existirá.
Há quem transforme a vida num tipo de “reality show” perante os colegas e esse exagero é sempre comprometedor.
Compartilhar problemas pontuais, tais como um problema de saúde, o trânsito, ou problemas com os filhos chega até a ser saudável, no sentido de desabafo. Mas, sem freio na língua, a produtividade é definitivamente comprometida.
Alegam alguns especialistas que o falatório excessivo é algo de influência cultural, acentuando o “estilo informal” de ser brasileiro. Alguns de nós somos estimulados pelas emoções e sentimos a necessidade de dividir nossa intimidade num ambiente que, invariavelmente, passaremos um bom tempo. Por um lado, culturalmente, é uma forma de fazer com que nossas preocupações diminuam e, com o conselho dos outros, nos sentimos afagados.
Esse “jeitinho brasileiro” é bastante útil para estimular a criatividade, criar alguns vínculos emocionais e tomar decisões em conjunto, mas tal maneira pode ser um equívoco pois, entre “amigos”, pode existir alguém de má fé. Outro resultado do equívoco é quando o conselho esperado não vem e o profissional emburra com o colega, comprometendo o rendimento. O resultado possível é uma dificuldade grande para dividir o que é pessoal e o que é profissional.
Quando o ambiente de trabalho é realmente informal, prefira conversar com o colega fora da empresa. Essa postura reduzirá a possibilidade de alguém ouvir o que não é conveniente, interpretar mal o que escutou, ou utilizar-se dessa informação de maneira pretensiosa. Por mais que a sua naturalidade ou o seu instinto digam que você pode se vincular a alguém da empresa rapidamente, busque usar seu racional. Você pode evitar inúmeros constrangimentos ou até mesmo deixar de comprometer a sua carreira.